Por: Luiz Carlos Schneider/ON *
Simplesmente, a torre residencial mais alta do Rio Grande de Sul. É o concreto que atinge 140m de altura e muda o contorno da linha do horizonte sobre Passo Fundo. Um superlativo que enaltece a arquitetura, a engenharia e a construção civil para inflar o ego dos passo-fundenses. É o Chardonnay 257 com seus 40 pavimentos, erguido na Vila Rodrigues pela Una Construtora. Conta com 36 apartamentos (um por andar), incluindo um com terraço (garden), dois andares com garagens e outros dois para áreas condominiais. E, lá no topo do mastro de concreto, uma cobertura duplex. A obra iniciou em maio de 2021 e a entrega está programada para maio de 2025.
A mesma curiosidade que move a humanidade, nos encheu de coragem para subir até o teto do maior prédio do estado. E lá fui na companhia do editor Gerson Lopes, do engenheiro Naiguel Santin e da assessora de imprensa da Una Caroline Silvestro. Um rápido breafing junto ao tapume da obra e chegamos ao controle de acesso, onde tudo é monit
orado com câmeras. Dentre os protocolos de segurança, recebemos os capacetes e chegou o elevador para decolarmos 140 metros no sentido vertical. Não, não era um elevador social com espelho e ar-condicionado. Elevador de obra, com direito a ascensorista baiano. A cada pavimento uma placa indicava o andar para nos orientar e a quantos metros do solo andávamos. Cada espiada para os lados representou um antídoto à coragem. Uma viagem longa, pois elevadores de obra não disputam competições de velocidade. Foram exatos 10 minutos de subida.
Pisar no pavimento 39 deu uma sensação de segurança. Subimos pelas escadas mais dois pisos para chegar ao teto. Olhando para fora era o equivalente a paisagem vista de um avião a 2.500 pés. Confesso que deu medo, mas a paisagem é deslumbrante. O engenheiro Santin lembrou nossa posição geográfica, para mostrar como é lindo o Planalto Médio. O altímetro indicou que estávamos a 800 metros acima do nível do mar. Já com a respiração recuperada, nossos olhares deram um giro de 360º. Literalmente, a cidade estava aos nossos pés. A área central, nossa selva de concreto, diminuiu de tamanho. Prédios enormes pareciam pequenos e quase escondem a imponente Catedral. O aeroporto, também em altitude considerável, estava muito próximo. “Necessitamos autorização da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) para erguer um prédio desse tamanho aqui”, explicou Santin.
O centro de distribuição da São João é enorme referência na paisagem Sul. Ao Norte a Be8, a Embrapa e a UPF recortam o perfil. Os pontos mais elevados são estratégicos, pois nos permitem enxergar bem mais longe. Mesmo com a visibilidade um pouco prejudicada pela névoa seca no horizonte, as águas da Barragem de Ernestina refletem os raios solares em tons amarelo-alaranjados. Carazinho fica logo ali e à noite até mesmo as luzes de Erechim brilham neste fascinante horizonte. O perímetro urbano parece um mapa ilustrado online, inticando a curiosidade para identificar cada espaço. Os dedos não param de apontar para mostrar ou indagar sobre cada área. Mas o relógio também não para e chegou a hora de voltar. Aliás, descer.
A volta foi um pouco mais rápida, pois bem sabemos que para baixo todo santo ajuda. O medo, já despressurizado, deu espaço a tranquilidade para obter mais informações sobre a megaobra. A Una, que tem por prática nominar seus empreendimentos com nome de uvas viníferas, escolheu a Chardonnay para batizar seu maior prédio. O projeto é assinado pelo arquiteto Fernando Polesello. Aos 33 anos, o passo-fundense Naiguel Santin é o engenheiro-residente. Filho de construtor, ingressou na construção civil muito cedo, foi servente, pedreiro e mestre de obras. Graduado em engenharia pela Atitus, trabalhou no litoral de SC antes de ingressar na Una. Fala com orgulho sobre uma obra especial, mas com procedimentos diferenciados. Fim da viagem, começa a saudade daquela vista inacreditável.
Chegamos ao solo firme e cruzamos com Vanderlei Rodrigues, o mestre de obras. Antes da despedida mais um espiada no ambiente, pois tudo é enorme por ali. O Chardonnay está erguido, totalmente concretado. Agora, entre rolos com material termoacústico para isolamento dos pisos e um enorme almoxarifado, mais de 90 funcionários trabalham para a fase de acabamento. Logo, mais 30 ingressam na obra pois os detalhes se multiplicam. Com patamar também nas nuvens, o padrão do imóvel está em grande altitude. Isso, é claro, nos deixa na obrigação de uma nova inspeção ao Chardonnay. E, quem sabe, lá cima gritarmos com orgulho para toda a gauchada: estamos no prédio mais alto deste Rio Grande Amado!
* Matéria produzida por O Nacional e publicada no veículo originalmente.